Competências socioemocionais em tempos de transformação


 

Por: Cássia Corrêa


  Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”.

Klaus Schwab - Fundador do Fórum Econômico Mundial.

 

Essa transformação, potencializada pelos tempos de crise pela pandemia, passa por ressignificações de sentido, mudando a maneira como as pessoas percebem a realidade. Com isso, as empresas estão mudando seus modelos de negócio, as escolas estão se adaptando e as pessoas, estão se reinventando e aprendendo a ser diferentes. Uma nova maneira de perceber, de agir e de ser se apresenta.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman descreveu, em 1992, uma nova realidade e a denominou “modernidade líquida”. De acordo com a sua teoria, nós vivemos em uma sociedade em que nada é fixo. Tudo é passível de mudar — o que significa que nós mudamos junto. Assim é o mundo VUCA (Volátil, Incerto (Uncertainty), Complexo e Ambíguo), um mundo de mudanças rápidas e com diversas facetas.

Nesse cenário, além do conhecimento, as competências socioemocionais ou soft skills, como são chamadas, ocupam um papel cada vez mais preponderante. O momento atual está marcado pelas relações virtuais, rápidas transformações digitais, crescimento da inteligência artificial, pelo isolamento social, ansiedade, o medo de contaminação e a adaptação às novas formas de viver. Assim, competências como tolerância à frustração, resiliência, capacidade de aprender, abertura ao novo, foco e persistência, são fundamentais nesses novos tempos e fazem a diferença no enfrentamento da crise e transformação que se apresenta. A boa notícia é que elas podem ser desenvolvidas!

As competências socioemocionais são comportamentos expressos e que determinam a maneira como podemos reagir frente as diversas situações. Referem-se à capacidade de mobilizar, articular e colocar em prática conhecimentos, atitudes, habilidades e valores para se relacionar com os outros (competências relacionais) e consigo mesmo (consciência de si). Refere se também, à capacidade das pessoas de estabelecerem e alcançarem seus objetivos, enfrentando as situações adversas de forma construtiva e com impacto positivo em suas vidas.

Essas competências são aprendidas durante as interações sociais e interpessoais, através de experiências formais e informais de aprendizagem e são importantes impulsionadores de resultados ao longo da vida. De acordo com Del Prette, estudiosa das habilidades sociais, a aprendizagem dessas habilidades e o aperfeiçoamento das competências sociais constituem processos que ocorrem naturalmente, por meio das interações sociais cotidianas ao longo da vida. Porém, quando essas experiências ou o entorno são desfavoráveis, podem surgir déficits de habilidades sociais que impactam negativamente as relações interpessoais e, consequentemente, a qualidade de vida das pessoas.

Segundo Del Prette, para o desenvolvimento dos soft skills, um recurso adequado e eficaz é o Treinamento em Habilidades Sociais (THS), que vem sendo utilizado nas diversas áreas em que as deficiências comportamentais são observadas. Seu uso torna-se cada vez mais requerido em ambientes onde há relações interpessoais. As pesquisas no campo do THS têm mostrado que as pessoas socialmente competentes tendem a apresentar relações pessoais e profissionais mais produtivas, satisfatórias e duradouras, além de melhor saúde física e mental e bom funcionamento psicológico.

Assim, momentos de transformação, como o que estamos vivendo, reforçam a importância do desenvolvimento de competências que ajudam as pessoas a terem mais qualidade e satisfação em suas vidas, pessoal e profissional.